22 de novembro de 2014

Desmatamento e termelétricas aumentam emissões de carbono do Brasil

O Observatório do Clima – OC divulgou nessa semana as emissões brasileiras de gases de efeito estufa (GEE). As emissões desses gases atingiram 1,57 bilhão de toneladas de carbono equivalente em 2013, representando um aumento de 7,8% em relação ao ano de 2012, segundo o Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa.


O SEEG, ferramenta desenvolvida pelo OC com base na metodologia do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, calcula as emissões para os setores de mudança de uso da terra (34,6% do total das emissões), energia (30,2%), agropecuária (26,6%), processos industriais (5,5%), e de resíduos (3,1%). As estimativas ora divulgadas apontam aumento nas emissões de GEE nesses cinco setores estudados.

É esperado que as emissões aumentem em períodos de maior crescimento econômico. Mas no ano de 2013 a economia cresceu pouco e as emissões aumentaram. Isso foi devido aos seguintes fatores: maior desmatamento nas regiões da Amazônia e do Cerrado; à carbonização da matriz energética (maior geração de energia termelétrica); e à concessão de incentivos para a produção de automóveis, privilegiando o transporte individual e provocando o aumento no consumo de gasolina. Por isso, os setores que mais contribuíram para o aumento no total das emissões de GEE em 2013 foram o setor de mudança de uso da terra, ligado à devastação de florestas, cujas emissões aumentaram em 16,4%, seguido do setor de energia com aumento de 7,8% nas suas emissões.

Cerca de dois terços do total das emissões do setor da agropecuária são provenientes da atividade de pecuária de corte. Esse setor é o que apresentaria melhores condições de reduzir suas emissões por meio da recuperação de pastos degradados, maior eficiência produtiva e otimização no uso de fertilizantes. Contudo, as ações adotadas nesse sentido, como o Programa Agricultura de Baixo Carbono, têm apresentado avanços tímidos. O setor industrial precisa reduzir suas emissões por meio da introdução de novas tecnologias com foco na eficiência energética. Isso está na dependência de um direcionamento macroeconômico estratégico para o setor.

O Brasil figura entre os dez maiores países emissores de GEE do planeta e aumentou a intensidade de carbono na economia. Atualmente a emissão per capita da população brasileira é praticamente a mesma da média mundial. O país está longe de se tornar uma economia de baixo carbono. Segundo as previsões do OC, tudo indica que em 2014 haverá novo aumento nas emissões brasileiras. Na contramão do combate às mudanças climáticas.

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